Dinis Moura, um dos atletas do Alcobaça Clube de Ciclismo com mais destaque e ambição do pelotão nacional de Juniores, tem atualmente 17 anos e irá, na próxima época, para a sua última enquanto júnior.
É um lutador focado nos seus objetivos, tentando sempre ajudar os seus colegas de equipa, e procura constantemente melhorar a sua performance enquanto atleta. Foi numa viagem que o ciclismo apareceu na sua vida, em 2020, e desde então apaixonou-se pela modalidade.
A tua resiliência e foco nesta modalidade são impressionantes. Como começou o teu percurso no ciclismo?
“Tudo começou com uma viagem à Suíça, onde o ciclismo é um desporto com muita expressão. Foi onde comecei a andar de bicicleta, com o meu padrasto, e adorei a experiência. Ao mesmo tempo tinha um amigo que praticava BTT, modalidade que também experimentei e dei por mim a andar a bicicleta todos os dias. Surgiu a oportunidade de fazer parte do Alcobaça Clube de Ciclismo e, depois de investir numa bicicleta, foi até hoje.”
Muitos são os atletas nacionais e internacionais que colocam o ciclismo noutro patamar. Há alguém que te inspire?
“António Morgado, sem dúvida. Não só por ser alguém próximo, mas por ter a oportunidade de ver todo o esforço e dedicação que impõe à modalidade. Principalmente pela sua humildade e ambição.”
Este foi o teu primeiro ano no escalão de Juniores. Como foi essa mudança enquanto atleta?
“Senti algumas dificuldades mesmo tendo evoluído enquanto atleta. Dificuldades não tanto a nível da mudança de escalão, mas sim por imprevistos que foram acontecendo ao longo da época.”
Dinis afirma que o mais difícil enquanto atleta de ciclismo é a mentalidade. O esforço físico facilmente se consegue recuperar, com algum descanso, no entanto, o cansaço psicológico torna-se mais complicado de gerir tendo em conta o regime de treinos e alimentação que são importantes.
Todos sabemos que não é fácil conciliar a tua vida pessoal com o desporto. Como tentas conciliar, especialmente em época de aulas?
“Não é uma gestão fácil, especialmente no inverno porque anoitece mais cedo. Durante a época de aulas é necessário criar uma boa rotina de sono, para o corpo poder recuperar e descansar. Além disso, a alimentação é um fator igualmente importante.”
''Tudo começou com uma viagem à Suíça.
Nos seus tempos livres, além de andar de bicicleta pelas estradas do concelho de Alcobaça, o jovem gosta de passear na sua mota, poder criar memórias com os seus amigos mais próximos e família.
Ao longo destes três anos enquanto atleta, já tiveste que abdicar de muita coisa?
“Sim, essa é uma das consequências. Já tive de abdicar principalmente de festas, estar com amigos em dias de convívio… E na alimentação também pois nem sempre podemos comer o que queremos.”
E como é feita a tua preparação física? Qual o teu dia-a-dia a nível de treinos e alimentação?
“A nossa preparação a nível de alimentação e descanso acaba por não variar tanto, tendo em conta as provas. Os treinos influenciam mais nesse aspeto, vamos tentando treinar com mais intensidade para ir melhorando a forma ao longo da época e antes do grande objetivo há uma prova para criar algum ritmo. Nos dias antes da prova basicamente é manter a forma física e descansar.”
A época de 2023 está prestes a terminar e muitas memórias foram criadas ao longo destes meses. Os esforços investidos nem sempre tiveram sucesso, mas o atleta garante que o mais importante é saber como ultrapassar os momentos menos bons e aprender com isso.
Como tem corrido a temporada de 2023? A nível individual e coletivo?
“A nível coletivo conseguimos atingir alguns objetivos. Trabalhámos bem como equipa, no entanto, houve falhas, mas posso garantir que no geral o Alcobaça Clube de Ciclismo teve uma época positiva. A nível individual a época não correu como esperado. Apesar de ter atingido objetivos pessoais como a vitória em prova e conseguir ir a um estágio da seleção nacional, ao longo da época enfrentei alguns problemas que me retiraram o foco de provas mais importantes. São lições de vida que nos levam a ser melhores cada dia.”
Individualmente este ano também já tiveste algumas alegrias, nomeadamente a vitória na prova em Vila Chã de Ourique. Qual foi a sensação quando passaste a linha de meta em primeiro lugar?
“Foi um sentimento gratificante. Assim que passei a linha da meta em primeiro lugar poder ver o orgulho estampado na cara da minha mãe foi inesquecível, ela tem sido o meu braço direito diariamente e dá-me muita força para continuar a lutar. Senti a sensação de dever cumprido perante o Alcobaça Clube de Ciclismo, que me tem ajudado muito a todos os níveis, lançaram-me no ciclismo. Nessa prova em específico o Tiago Santos ajudou-me muito, motiva-me todos os dias e sou-lhe grato por isso.”
Em Portugal qual é a tua prova preferida de ver e correr?
“Pessoalmente eu prefiro as provas por etapas. A Volta a Portugal é uma prova que todos ambicionamos, assim como a Volta ao Minho e a Volta a Loulé que são das mais importantes no calendário nacional. Como espectador, prefiro o Campeonato Nacional por ser a prova mais disputada entre todos.”
O atleta diz-se fã da mítica Volta a França e acompanha religiosamente cada etapa e dias de luta nas estradas internacionais.
Numa última prova em que participou o atleta teve uma grande queda que, além do joelho, lhe lesionou o braço. Atualmente encontra-se em recuperação e longe da bicicleta.
Vais para o teu último ano enquanto Júnior. Quais as tuas expectativas?
“As minhas expectativas estão altas e acredito que posso fazer uma boa época. Esta última queda pode prejudicar-me na pré-epoca sendo que tenho que estar algum tempo afastado da bicicleta, até recuperar, mas trabalharei para atingir todos os objetivos delineados."
Dinis Moura mostrou-se confiante para a época que se avizinha. Irá trabalhar para honrar a sua reputação enquanto ciclista pois muitos são os que acreditam que o atleta poderá estar na disputa da maioria das provas. Apesar das suas provas preferidas serem as provas por etapas, acredita que poderá surpreender nas provas de um dia.
E em Portugal? Já alguma vez sonhaste correr a grandíssima? Será um objetivo para o futuro?
“A Volta a Portugal sempre foi um objetivo para mim, pois é a maior prova a nível nacional, mas atualmente cada vez mais sonho em ser ciclista e com tal ambição neste momento pretendo sair do país e tentar enveredar por uma carreira internacional.”
Quando tens provas em Alcobaça, qual é a sensação de correr “em casa”?
“Este ano pude experienciar duas provas em Alcobaça - como o meu pai diz “no meu quintal”. Foi uma sensação ótima pois não só corri por estradas que conheço, mas vi pessoas que me são chegadas e me apoiam incondicionalmente todos os dias. É bonito ver que Alcobaça apoia o ciclismo e vibra com a modalidade.”
Há muita gente que te apoia na estrada, queres deixar algumas palavras?
“Quero agradecer a todas as pessoas que me apoiam na estrada e fora dela. Por acreditarem nas minhas capacidades. Este é um desporto muito difícil, a todos os níveis, e é importante um atleta ter uma base de apoio forte para, mais do que nas vitórias, estarem lá nas derrotas. Quero agradecer a quem me motiva diariamente.”
Em breve, Dinis Moura voltará às estradas de Alcobaça, mas, por enquanto, recupera da sua queda. É com grande entusiasmo e ambição que anseia começar a sua preparação para a época que se aproxima, na qual espera conseguir conquistar muitas alegrias.
O Alcobaça Clube de Ciclismo apoiará incondicionalmente o atleta que parte para o seu último ano de Júnior.
Força, Dinis.